Agora, que venha a Sérvia

colunas_valor

Agora, que venha a Sérvia

Agora, sim, a Copa começou. Ganhamos. Copa é pura emoção

Elena Landau*, Valor Econômico
25 de junho de 2018

Agora, sim, a Copa começou. Ganhamos. Copa é pura emoção. Rivalidades históricas, pênaltis mal batidos, favoritos perdendo, polêmicas sobre vídeo-arbitragem, duelo de torcidas, é só o que importa. E o verde-amarelo saiu do armário.

Precisa ter mente muito torta para torcer contra a seleção canarinho. Política e futebol não se misturam. A celebração do tricampeonato, em plena ditadura, já tinha deixado claro que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Há quem critique o fato de nossa equipe titular só ter “estrangeiros”. Esses atletas fora de série fazem muito bem em ir para fora, especialmente para a Europa. Lá encontram campeonatos organizados, ótimos estádios e administração profissional.

Envolvida, em escândalos de corrupção, a CBF não mudou. Continua sem transparência. Tornou-se uma entidade privada para escapar do controle de suas contas. Usa as cores da nossa bandeira e explora o fascínio de uma nação, só que não paga nada por isso. Ganha em cima da paixão que une os brasileiros a cada quatro anos.

Querem manter os craques aqui? Então virem a organização do futebol de cabeça para baixo. Mas isso ninguém quer. Nossos cartolas preferem a decadência do que abrir mão dos seus pequenos podres poderes.

Óbvio que de vez em quando bate aquela saudade, especialmente sendo botafoguense. Meu clube foi o que mais contribuiu com jogadores para a seleção. Botafogo foi a base da seleção de 70, a melhor de todos os tempos. Mas o futebol evoluiu. Hoje o mundo inteiro joga, e bem.

O Brasil tem a equipe mais valiosa da Copa. Isso quer dizer que a Copa é nossa? Claro que não. Mesmo sendo estrelas, quando os craques vestem a camisa canarinho a responsabilidade pesa, o nervosismo entra em campo. E não adianta ficar de chororô pelos erros de arbitragem, eles também são parte do futebol. Tem é que jogar.

Contra Costa Rica, a esperança era que a superioridade brasileira aparecesse desde o início. Não aconteceu. Melhoramos muito no segundo tempo, com a entrada de Douglas Costa, mas os gols só saíram quando parecia que o empate era inevitável. E eu chorei com Neymar.


* Elena Landau é economista e preside o Conselho da Fundação de Estudos do Livres

Leia esta coluna no site Valor
COMPARTILHE