Semelhança inexistente

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Semelhança inexistente

PT e PSDB divergem em quase tudo, não fosse assim o termo “polarização”, tantas vezes utilizado, não faria o menor sentido

Elena Landau*, O Globo
19 de novembro de 2014

Liszt Vieira e Marijane Lisboa iniciam o artigo “Outro olhar na eleição”, publicado em 16/11 no GLOBO, com uma afirmação surpreendente: “Os candidatos Dilma e Aécio são mais semelhantes do que diferentes”. Parecia se tratar de uma análise equidistante dos partidos que, uma vez mais, dominaram a campanha presidencial. Curiosa pela provocação dos autores, tentei encontrar, sem sucesso, tais convergências ao longo do texto.

Para tentar mostrar isenção, os autores evocam uma semelhança entre PSDB e PT que não existe. Os dois partidos divergem em quase tudo, não fosse assim o termo “polarização” tantas vezes utilizado, e muitas vezes criticado pelos que defendem uma terceira via política, não faria o menor sentido. A leitura atenta mostrou que, na realidade, o objetivo dos articulistas era atacar o PT e para isso utilizam o PSDB como escada, fazendo acusações superficiais e equivocadas aos tucanos.

Corretamente criticam o PT pela incompetência na condução econômica, pelo menosprezo ao meio ambiente, pelas deficiências na política de direitos humanos e pela corrupção na Petrobras. Mas querem colocar os tucanos no mesmo saco.

Afirmam que o PSDB acredita num crescimento predatório dos recursos naturais, desrespeitando a qualidade de vida da população, e numa economia de mercado sem regulação. Nada no programa do partido, nos oito anos de FH, nos vários governos estaduais e municipais exercidos pelo partido autoriza os autores a essas conclusões.

As agências reguladoras surgiram no governo FH, acompanhando a redução do Estado na atividade econômica. Uma rápida investigação sobre o assunto impediria tal imputação equivocada. A privatização da telefonia, que veio acompanhada da criação da Anatel, permitiu a universalização dos serviços de telefonia. Também no governo FH foi iniciado o programa Luz no Campo, depois rebatizado de Luz para Todos, que levou energia a quase todos os brasileiros.

Dados da Pnad publicados neste mesmo jornal mostram que domicílios com acesso à iluminação elétrica subiram de 88% para 96% entre 1992 e 2002. Para telefonia, o crescimento foi de 224% no mesmo período. O artigo revela preconceito, talvez derivado da propaganda petista na campanha, ao negar a importância dos direitos sociais na agenda do PSDB.

Novamente, a mesma pesquisa mostra o contrário, com avanços significativos na educação e em todas as áreas sociais. A melhoria da qualidade de vida da população nos governos tucanos é evidente sob qualquer indicador da Pnad que os professores Liszt e Marijane queiram utilizar.

Nós, tucanos, temos orgulho do nome que Franco Montoro nos deu, Partido da Social-Democracia Brasileira — e das inúmeras conquistas no campo econômico, social, ecológico e ético que, a partir do Plano Real, pudemos implantar. Dilma e Aécio são muito diferentes. As semelhanças somente existem no olhar distorcido de quem se desiludiu com o PT, mas insiste em não reconhecer os méritos do PSDB.


* Elena Landau é economista e advogada


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